domingo, 29 de abril de 2012

Publicado no Diário do Nordeste...

Em condomínios

Nossa sociedade torna-se, a cada dia, mais individualista, apesar de vivermos, em grande parte, amontoados em condomínios, sobretudo nas metrópoles. Em Fortaleza, a verticalização, motivada pela insegurança, deu-se com rapidez espantosa, sem o devido preparo dos condôminos para convivência em grupo. Dessa forma, criam suas próprias regras e se sentem ofendidos quando contrariados em sua liberdade irrestrita. Esquecem-se de que a vida em comunidade exige regras de boa convivência, sob o risco de transformarmos o espaço coletivo em uma área de incômodos conflitos. O despreparo para o convívio saudável leva moradores a ignorarem o regimento interno do condomínio e a criarem seus próprios direitos. Assim, fazem instalações inadequadas de seus eletrônicos, interferindo na estética e na segurança do edifício, atiram lixo e dejetos pelas janelas ou varandas, penduram roupas em locais visíveis transformando o prédio em um grande varal, estacionam em locais inadequados sem qualquer respeito ao direito dos demais, buzinam ao invés de utilizarem os controles de abertura de garagem, ultrapassam os decibéis permitidos com seus aparelhos sonoros... A relação de comportamentos inadequados é extensa. Porém, tais deslizes sociais, não são apanágio dos condomínios suburbanos. Ocorrem também naqueles de alto luxo, o que revela a falta de polidez dos condôminos e o desrespeito ao direito alheio. O egocentrismo que se evidencia nas ruas, repete-se nos condomínios, onde cada morador supõe-se detentor de maior poder. A tão sonhada paz se esvai na convivência desequilibrada, pouco amistosa e anárquica. Não é possível falar-se em qualidade de vida quando os moradores estendem seus direitos até o limite do próprio prazer ou do conforto pessoal.

Celina Côrte Pinheiro
médica e coopista dos Amigos...

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