quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


Bumlai admite que intermediava ‘demandas’ para Lula

O pecuarista José Carlos Bumlai disse em novo depoimento à Polícia Federal que repassou pedido do lobista Fernando Baiano para o amigo e ex-presidente Lula

DANIEL HAIDAR
23/12/2015 - 19h13 - Atualizado 23/12/2015 19h50
José Carlos Bumlai com o expresidente Lula  e a dona Marisa (Foto: Reprodução)
O pecuarista José Carlos Bumlai admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que intermediava “demandas” para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O interrogatório, realizado na última segunda-feira (21), foi dividido em dois depoimentos. Um deles tratou das relações de Bumlai com Lula, seu amigo desde 2002, e com o grupo Schahin. Outro depoimento tratou de “fatos ilícitos” que Bumlai sabia sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Esse foi o terceiro dia em que o amigo de Lula foi interrogado pela PF desde que foi preso na 21ª fase da Operação Lava Jato, em novembro.
Bumlai só admitiu que repassava “demandas” a Lula depois que foi questionado duas vezes pela Polícia Federal se tratava de “assuntos comerciais” com o ex-presidente. Ele confessou que encaminhou a Lula um pedido do lobista Fernando Soares, o Baiano, “relativo a uma palestra a ser realizada em Angola, no Centro de Estudos Avançados de Angola”.
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Antes de detalhar como repassava tais “demandas” ao ex-presidente, Bumlai tentou sustentar a versão de que “nunca tratou de questões comerciais ou políticas” com Lula. Mas, logo depois, admitiu que “muitas pessoas encaminhavam demandas via e-mail ao Instituto Lula e que, ante a ausência de respostas, solicitavam ao reinterrogando, na medida do possível, que fizesse contato junto ao Instituto para viabilizar ao menos a apreciação dos pedidos”. Bumlai alegou que conversava com Clara Ant, diretora do Instituto Lula, e “repassava os pedidos”. Mas o pecuarista não quis mencionar nenhum caso além do “pedido” do lobista Fernando Baiano. Disse apenas, genericamente, que os pedidos eram “apreciados”.
Bumlai disse também que conversava com Lula pelo número de telefone da ex-primeira-dama Mariza Letícia. “Lula nunca possuiu um número de celular próprio”, alegou o pecuarista no depoimento. Mas a narrativa superficial de Bumlai não convenceu os policiais. Na metade do interrogatório, o delegado Filipe Pace mostrou cópias de  um e-mail enviado por Bumlai. Era uma prova de que, até aquele momento, ele insistia em omitir fatos importantes dos policiais. No e-mail, Bumlai agendava uma reunião de Lula com um embaixador do Qatar.

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