Em apelo a senadores, Dilma se diz alvo de complô e reafirma inocência
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José Eduardo Cardozo leu carta da presidente afastada nesta quarta-feira na comissão especial do impeachment no Senado; "Espero que muitos estejam dispostos a agir com isenção"
A presidente afastada Dilma Rousseff reafirmou sua
inocência sobre as acusações que motivaram o processo do impeachment em
uma carta lida pelo ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo
nesta terça-feira (6).
No texto direcionado aos integrantes da
Comissão Especial do Impeachment, Dilma Rousseff ressaltou que, desde a
abertura do processo pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), “as razões reais e a finalidade” do impeachment são claras.
“Várias forças políticas viam e continuam a ver a minha postura de não
intervir ou de não obstar as investigações realizadas pela Operação Lava
Jato como algo que colocava em risco setores da classe política
brasileira.”A petista se disse alvo de um complô ao lembrar a conversa entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que resultou na saída de Jucá do comando do Ministério do Planejamento dias depois de ter sido nomeado pelo presidente interino, Michel Temer.
“Como disse um dos
líderes mais importantes do governo interino, o senador Romero Jucá, era
preciso me destituir da Presidência da República para que, enfim, fosse
possível um acordo que esvaziasse as operações policiais contra a
corrupção e fosse estancada a 'sangria' resultante dessas investigações.
Várias outras declarações de integrantes do grupo que apoia ou está
hoje no governo confirmaram esta revelação: era preciso me derrubar para
ter uma chance de escapar da ação da Justiça”, citou.
“
As provas são evidentes e demonstram cabalmente que agi de boa-fé, pelo bem do país e do nosso povo – e sempre dentro da lei
Dilma acrescentou que a estes setores se somaram os
que, desde o resultado eleitoral de 2014, não reconheceram a derrota nas
urnas.
“Queriam uma outra política para o País, com finalidades e
propósitos completamente diferentes daqueles que foram escolhidos pela
maioria dos brasileiros”, disse a presidente afastada, destacando que
foi vitoriosa nas urnas graças a políticas sociais de seu governo.Apelo
Dilma Rousseff concluiu sua defesa com um apelo aos senadores. “Peço que reflitam, com absoluta isenção, sobre a história do nosso País e sobre o que representará para a nossa jovem democracia a cassação de um mandato presidencial realizada nestas circunstâncias e por estes motivos. Manifesto minha sincera confiança na compreensão das senadoras e dos senadores que, mesmo sendo de oposição ao meu governo, estejam abertos a considerar meus argumentos. Espero que muitos estejam dispostos a agir com isenção. Basta que se analise este processo para que se saiba que não cometi as irregularidades que são atribuídas a mim. As provas são evidentes e demonstram cabalmente que agi de boa-fé, pelo bem do País e do nosso povo – e sempre dentro da lei.”
Temer
Nas últimas linhas da defesa, a presidente afastada
voltou a criticar Michel Temer e o acusou de traição e mentira. “O
Brasil não merece viver uma nova ruptura democrática. Devemos mostrar ao
mundo e a nós mesmos que conseguimos construir instituições sólidas,
capazes de resistir a intempéries econômicas e políticas. Devemos
mostrar que sabemos honrar a nossa Constituição, a democracia e o Estado
de Direito, zelando pelo respeito ao voto popular. Devemos mostrar,
finalmente, que sabemos dizer não a todos os que, de forma elitista e
oportunista, agindo com absoluta falta de escrúpulos, valem-se da
traição, da mentira, do embuste e do golpismo para hipocritamente chegar
ao poder e governar em absoluto descompasso com os desejos da maioria
da população”, concluiu.
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