Em proposta de delação, Santana relata que Dilma sabia de tudo
Marqueteiro vai contar aos
procuradores que petista não só conhecia todas as operações de caixa
dois da campanha presidencial como as autorizou
Por
Thiago Bronzatto
João Santana: o homem que construiu a imagem de
Dilma Rousseff agora se prepara para fulminá-la (Rodolfo Buhrer/File
Photo/Reuters)
A presidente afastada Dilma Rousseff vem ajustando seu
discurso de acordo com o avanço da Lava-Jato. Há cerca de um ano, diante
das acusações de que sua campanha recebera doações por fora da
construtora UTC, ela afirmou: “Eu não aceito e jamais aceitarei que
insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade (…)
porque não houve”. De lá para cá, as negativas da petista ganharam um
tom cada vez mais baixo. Há duas semanas, após o marqueteiro João
Santana e sua mulher, Mônica Moura, admitirem ter recebido dinheiro pelo
caixa dois na campanha presidencial de 2010, Dilma disse: “Não
autorizei pagamento de caixa dois a ninguém. (…) Se houve, não foi com
meu conhecimento”. Cinco dias depois, eis que surge outra justificativa:
“Minha campanha não tem a menor responsabilidade sobre em que condições
pagou-se dívida remanescente da campanha de 2010. (…) Ele (João Santana)
tratou essa questão com a tesouraria do PT”. Em pouco tempo, a negativa
da existência de dinheiro sujo saltou do “eu não sabia” e pousou no “a
culpa é do partido”.
Em breve, Dilma terá de atualizar a versão. Em sua proposta de
delação premiada feita à Procuradoria-Geral da República, João Santana e
sua mulher relatam que a presidente afastada não só sabia da existência
do caixa dois como aprovou as operações ilegais. Segundo o casal, Dilma
conhecia detalhes do custo real da campanha e o valor que era declarado
oficialmente. A diferença, de algumas dezenas de milhões de reais,
vinha de empresas envolvidas no petrolão. Uma parte dos recursos,
oriundos de propinas avalizadas pela petista, foi usada até para pagar
despesas pessoais da presidente. Para comprovar as acusações, que
constam em mais de dez capítulos chamados de “anexos”, Santana
apresentará documentos. Os detalhes do acordo do marqueteiro foram
tratados recentemente numa reunião realizada com integrantes da PGR.
Quem leu os anexos garante: o mago do marketing petista, que ajudou a
construir a imagem de Dilma, está agora armado com provas para
fulminá-la.
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