quinta-feira, 14 de maio de 2015


Beira-Mar é condenado a 120 anos de prisão por morte de quatro rivais em Bangu 1

Traficante foi considerado culpado por participação nos assassinatos de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e de mais três bandidos de uma outra facção criminosa durante rebelião

Marcello Victor
Rio - Após mais de dez horas de julgamento e de um aparato de segurança que custou R$ 180 mil aos cofres públicos, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de 47 anos, foi condenado pelo Conselho de Sentença do I Tribunal do Júri da Capital a pena máxima de 120 anos de prisão em regime fechado, na madrugada desta quinta-feira. Ele foi considerado culpado pela participação nas mortes de Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, então líder da facção criminosa Terceiro Comando (TC), e de outros três comparsas, durante uma rebelião no Presídio de Segurança Máxima de Bangu 1, em 2002. A defesa do bandido vai recorrer.
Com as novas condenações, Beira-Mar soma 309 anos e dois meses de pena no Rio e em pelo menos mais três estados, segundo o Tribunal de Justiça do Rio (TJ). Visivelmente ansioso, Fernandinho Beira-Mar balançava freneticamente as duas pernas enquanto ouvia a fundamentação da sentença pelo juiz Fábio Uchoa, à 1h30. Após o fim da leitura e de questionar diretamente por cinco minutos o magistrado pela sentença, o traficante foi levado de helicóptero para o Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador. De lá, o bandido seguiu em um avião da Polícia Federal para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia, onde cumpre pena.
Beira-Mar ouve sentença: 120 anos de prisão por morte de rivais em Bangu 1
Foto:  Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Na fundamentação de sua sentença, lida de pé, a cerca de dois metros e de frente para Beira-Mar, o juiz Fábio Uchoa classificou o traficante como "indivíduo da maior nocividade social que se pode imaginar de um ser humano, pois nunca trabalhou licitamente, pois confessadamente admitiu hoje em seu interrogatório ser traficante de drogas, tendo adquirido fazendas de gado e se qualificado cinicamente como pecuarista", leu o magistrado.
Sobre as morte de Uê e dos comparsas Carlos Alberto da Costa, o Robertinho do Adeus, Wanderlei Soares, o Orelha, e Elpídio Rodrigues Sabino, o Pidi, em 11 de setembro de 2002, Fábio Uchoa realçou que a periculosidade de Beira-Mar "salta os olhos" e ressaltou a posição de comando do traficante durante a rebelião.
“Na presente empreitada criminosa, o réu agiu com intensa culpabilidade, na medida em que exercia uma posição de notório comando junto à famigerada facção criminosa denominada Comando Vermelho e, após a execução das vítimas, dirigiu-se até elas para obviamente conferir a execução das vítimas e nesse momento selecionando e poupando ao seu bel prazer, as vidas dos demais sobreviventes da quadrilha rival, denominada ADA – Amigos dos Amigos”.
Das dez testemunhas arroladas pela acusação e defesa, apenas o traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, prestou depoimento ao júri. Na época da rebelião em Bangu 1, o bandido liderava a ADA, rival do CV, comandado por Fernandinho Beira-Mar. No julgamento, Celsinho alegou que, no dia do crime, tentou se proteger do ataque dos presos e não viu Beira-Mar participando da invasão.

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