Executivos da Mendes Júnior negociam acordo de delação na Lava Jato
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As revelações feitas pelos executivos da empreiteira sediada em Minas Gerais envolvem políticos de "diferentes partidos"


Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empreiteira, foi sentenciado a 19 anos e 4 meses de prisão
Executivos da empreiteira Mendes Júnior condenados
por envolvimento no esquema de desvios na Petrobras negociam desde
novembro do ano passado um acordo de delação premiada com a força-tarefa
da Operação Lava Jato.
Segundo pessoas que acompanham as investigações, as tratativas
estão "adiantadas", com os anexos da delação fechados, mas nenhum papel
foi assinado até agora. Ainda de acordo com essas fontes, as revelações
feitas pelos executivos da empreiteira sediada em Minas Gerais envolvem
políticos de "diferentes partidos".
Em novembro, quando
iniciaram as conversas, três executivos da Mendes Júnior foram
condenados pelo juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro.
Sérgio Cunha Mendes, ex-vice-presidente da empreiteira, foi sentenciado a
19 anos e 4 meses de prisão. Os ex-diretores de petróleo e gás da
Mendes Júnior Rogério Cunha Pereira e Alberto Elísio Vilaça Gomes
receberam penas de 17 e 10 anos de cadeia, respectivamente.
"A prática do crime de corrupção envolveu o pagamento
de R$ 31.472.238,00 à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, um valor
muito expressivo. Um único crime de corrupção envolveu pagamento de
cerca de R$ 9 milhões em propinas", sentenciou Sérgio Moro.
Eles,
por enquanto, estão em liberdade. Outros dois executivos da empreiteira
foram absolvidos. Ao se dispor a contar o que sabe sobre o esquema de
desvios na Petrobras em troca de benefícios no cumprimento das penas, a
Mendes Júnior entra na lista de grandes empreiteiras que aceitaram
delações premiadas à Lava Jato ao lado de Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa
e Andrade Gutierrez.
LeniênciaAlém da delação, executivos da Mendes Júnior buscam também um acordo de leniência - instrumento jurídico por meio do qual uma empresa admite a prática de ilícitos em troca de benefícios.
Na semana passada, a Advocacia-Geral da União, por meio da Procuradoria da União no Paraná, ajuizou ação na qual cobra R$ 12 bilhões de 15 empresas e 12 pessoas físicas - executivos e ex-funcionários da Petrobras - envolvidas no esquema investigado pela Lava Jato. Uma delas é a Mendes Júnior. O valor seria equivalente aos prejuízos à estatal provocados por sobrepreços e pagamento de propinas a políticos.
Na sentença que condenou os três executivos da Mendes Júnior, o juiz Sérgio Moro orientou a empresa a buscar um acordo de leniência.
"É pior para a reputação da empresa tentar encobrir a sua responsabilidade do que assumi-la", sentenciou o juiz. "A admissão da responsabilidade não elimina o malfeito, mas é a forma decente de superá-lo, máxime por parte de uma grande empresa. A iniciativa depende muito mais da Mendes Júnior do que do Poder Público", completou Moro.
Na sentença, o juiz responsável pela Lava Jato compara o caso da Mendes Júnior ao da Volkswagen. Em setembro do ano passado, a montadora alemã de veículos admitiu fraudes no controle de poluentes de mais de 10 milhões de veículos.
"Com as devidas adaptações, o recente exemplo da Volkswagen é ilustrativo do comportamento apropriado de uma grande empresa quando surpreendida na prática de malfeitos, diga-se de passagem aparentemente menores dos que os apurados no presente feito", afirmou o juiz Moro.
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