sexta-feira, 10 de janeiro de 2014


Jovem se recupera após passar por 



cirurgia de retirada de tumor acordada



Procedimento foi um dos primeiros no litoral de SP e ocorreu com sucesso.
Administradora de 23 anos conta a experiência de ter sido operada no cérebro.


Após cirurgia, jovem está mais tranquila e tem mais qualidade de vida (Foto: Mariane Rossi/G1)Após cirurgia, jovem está mais tranquila e tem mais qualidade de vida (Foto: Mariane Rossi/G1)
Uma jovem de Santos, no litoral de São Paulo, enfrentou um procedimento inusitado durante uma cirurgia no cérebro para curar constantes convulsões. Após decidir fazer a intervenção, a administradora Ana Carolina Lima da Costa, de 23 anos, descobriu que teria que ficar acordada durante o procedimento. O jeito foi se preparar psicologicamente para o momento e confiar no médico. A cirurgia foi um sucesso. Dois meses após o procedimento, ela conta como foi a experiência e fala da felicidade de estar curada.
A jovem conta que começou a ter convulsões há dois anos. "Descobri quando estava trabalhando e senti um mal estar. Fui falar para uma amiga que eu queria beber água, mas disse que preferia escrever. Percebi que estava tendo dificuldade, trocava verbos e algumas palavras eu esquecia", conta.
Neurocirurgião explica como foi fazer o procedimento (Foto: Mariane Rossi/G1)Neurocirurgião explica como foi fazer o
procedimento (Foto: Mariane Rossi/G1)
Ana Carolina foi buscar médicos especialistas para o tratamento e teve contato com o neurocirurgião Marcus Vinicius Serra, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e da Casa de Saúde de Santos. O profissional indicou uma cirurgia para a retirada da lesão, sem deixar sequelas e mantendo a qualidade de vida da paciente. O problema é que o procedimento seria feito com a jovem acordada.
Já nesse novo procedimento, em que Ana Carolina teria que ficar acordada, havia apenas 5% de risco de sequelas. "Pelo que eu saiba, foi a primeira vez em Santos [que uma cirurgia como essa foi feita]. Mas, em São Paulo, a gente já fez algumas desse jeito", diz o médico.
Cabeça da paciente fica presa durante a cirurgia (Foto: Marcos Vinicios Maldaum/Arquivo Pessoal)Cabeça da paciente ficou presa durante a cirurgia
(Foto: Marcus Vinícius Serra/Arquivo Pessoal)
A operação foi realizada no dia 31 de outubro do ano passado. A paciente tomou um anestésico de curta duração, que bloqueou todos os nervos que se direcionavam para a cabeça dela. Os médicos colocaram uma máscara laríngea na jovem, para ventilação pulmonar, e sua cabeça foi totalmente presa. Em seguida, os médicos abriram o crânio dela e usaram uma espécie de GPS para navegar em tempo real pela região.
Logo depois, Ana Carolina acordou e começou a conversar com uma fonoaudióloga e com os médicos. Ela teve que olhar imagens e falar o nome dos objetos. Enquanto isso, uma espécie de caneta, chamada de "estimulador cortical", foi usada pelos cirurgiões para mapear os pontos onde a jovem apresentava hesitação na fala, podendo, assim, escolher o melhor local para alcançar o tumor.
"A gente vai encostando a caneta que está ligada a um aparelho e isso interfere na condução dos neurônios. Naquela área que ela errava a resposta, eu não podia mexer. A gente sabe por anatomia onde é a área do cálculo, do discurso, da compreensão e da fala. A gente mapeou toda a área do cérebro e fez de um jeito para entrar e conseguir retirar o problema sem deixar sequelas. A área da fala dela estava 4 mm mais para baixo. Se a gente tivesse feito só pela anatomia, ela estaria sequelada hoje", explica o médico.

Médico e paciente após um mês da cirurgia (Foto: Mariane Rossi/G1)Agora, Ana Carolina pretende passar o ano sem crises neurológicas. Ela deve voltar a trabalhar na segunda quinzena deste mês e quer guardar os vídeos da cirurgia para lembrar dos momentos em que participou acordada. "Minha família ficou muito feliz e me deu muito apoio. Eu nunca vou esquecer aquele Halloween", brinca, fazendo referência ao dia da operação, no qual também é celebrado o Dia das Bruxas em vários países.
Médico e paciente dois meses depois da cirurgia
 

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