domingo, 12 de julho de 2015


Imóveis, veículos e varejo. O Ceará que resiste à crise

Enquanto a economia do País tonteia com números negativos, ainda que de maneira tímida, índices do Ceará se mostram acima das médias nacional e regional

O cenário macroeconômico nacional não é dos melhores. Setores apresentam retração ou sinais de estagnação. No Ceará há resistência. Segmentos de veículos, imóveis e varejo têm puxado o crescimento se comparado com o País. Os números de vendas caem pelo Brasil, mas no Estado a redução é menor. Questões ligadas aos hábitos de consumo, fé na retomada do crescimento e ao tipo de economia que predomina no Ceará, como o setor de serviços, impulsionam um cenário menos adverso em relação ao quadro nacional.

“Isso se deve ao planejamento. Essas vendas são decorrentes da execução de orçamentos no passado. Por isso temos pessoas comprando”, ressalta o Allisson Martins, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).

Os números da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que o Ceará tem se sobressaído em 2015, em relação ao restante do País. No comparativo com maio de 2015, o Estado registrou crescimento de 1,98,% nas vendas. Na variação comparativa com junho de 2014, o índice fica positivo em 0,41%.

Já o País apresentou retração -1,28% na comercialização de veículos no período entre junho e maio de 2015. A queda é ainda maior se comparada com 2014. O percentual chega a -14,48%. “As concessionárias estão fazendo feirões e oferecendo promoções. Ninguém está parado ou acomodado com a situação de crise”, aponta o presidente da Fenabrave Ceará, Fernando Pontes. “No acumulado das vendas de janeiro a junho em Fortaleza, a queda foi de 4,89%. O País caiu 20,6% no mesmo período”.

Para o segmento premium, a comercialização continua em alta. “O cearense compra mais do que em outras praças. No segmento que atuamos, temos um crescimento em grande parte movido pelos lançamentos”, frisa Rodrigo Carvalho, diretor geral da Newsedan. Segundo ele, a média de crescimento no Estado foi de 28% no primeiro semestre.

O mercado imobiliário também desponta ante aos números negativos. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), o Ceará apresentou crescimento de 37,61% de lançamentos de novas unidades residenciais e comerciais de janeiro a abril de 2015. O número acumulado de vendas no mesmo período ficou em 2,46%.

“Não tivemos a invasão de players de fora no Ceará. Isso fez com que o nosso mercado ficasse nas mãos das construtoras locais. No comparativo com outros estados, nossos estoques não são tão altos”, ressalta André Montenegro, presidente do Sinduscon-CE. Ele destaca que outras praças perderam até 40% do volume de vendas no ano. Conforme o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo, as vendas recuaram 27,1% de janeiro a abril, enquanto os lançamentos tiveram redução de 72,3%.

O Ceará pode entrar numa torrente de queda neste ano? André acredita que, enquanto houver déficit habitacional, novos empreendimentos serão erguidos. “Enquanto o País mostra índices negativos, estamos positivos. E quanto mais os bancos ofertarem crédito, as pessoas continuarão comprando”.

O momento vivido pelo Estado é de estabilização, apesar da desaceleração. É o que aponta Adalberto Machado, diretor-superintendente da Mota Machado. “O mercado continua promissor e estável, mas não com a mesma velocidade do passado. Melhor assim. Podemos desfrutar o crescimento de maneira mais sustentável por mais tempo”, afirma. O cenário macroeconômico, com indícios de incertezas no horizonte, tem freado o ímpeto de urgência do cliente. “O cliente está precisando do imóvel e tem o dinheiro. Contudo, não tem mais a pressa de antes. O comprador está mais seletivo”, argumenta.

Já Patriolino Dias, diretor executivo da Dias de Sousa, explica que o boom imobiliário vivido entre 2007 e 2010 teve como consequência o baixo preço dos empreendimentos ofertados no Ceará. “Tínhamos um empreendimento com 224 unidades, em 60 dias vendi 220. À época, não soubemos precificar o produto. Os preços do mercado estavam defasados”.

A indústria também apresentou melhora. A produção do setor, divulgada pelo IBGE, aponta que o segmento cearense cresceu 3,6% no mês de maio em relação ao mês de abril. São Paulo apresentou retração de 13,7%. A média nacional apresentou índice -8,8%.

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