terça-feira, 18 de fevereiro de 2014



MAR DE PROBLEMAS...SAIU NO DIÁRIO DO NORDESTE..

Contradições em 34 Km emperram desenvolvimento na orla da Capital


Beleza contrasta com poluição, falta de manutenção de equipamentos e dos monumentos e a insegurança
A beleza do litoral de Fortaleza, com seus coqueirais, águas mornas e um sol que brilha praticamente o ano todo, atrai diversos tipos de olhares que encontram na orla da Capital um local para o lazer, turismo e o descanso. Entretanto, o esplendor da paisagem contrasta com inúmeros problemas que vão desde a falta de segurança em vários pontos de seus 34 quilômetros de extensão, esgotos a céu aberto, lixo, falhas na estrutura do calçadão, monumentos artísticos deteriorados e falta de manutenção. Só para citar alguns.
Se na Barra do Ceará, a história se associa às belezas naturais, a insegurança é companheira da falta de investimentos. Ali, o passeio de barco é inviabilizado pela falta de um ancoradouro em boas condições. Quem encontra um bom restaurante ou hotel na novíssima Vila do Mar, que vai da Barra até o Pirambu? O projeto, é certo, beneficiou a comunidade local, mas não atraiu moradores de outros bairros e turistas em geral. Na Praia de Iracema, equipamentos como a Ponte dos Ingleses aguardam reforma e reabertura dos quiosques. Moradores reclamam.
Na Beira-Mar, os problemas englobam esgotos a céu aberto, Mercado dos Peixes provisório atrapalha quem visita o monumento de Iracema, por ficar exatamente entre o mar e a estátua, sem falar no mau cheiro constante. Estacionar no trecho é tarefa para poucos "afortunados". O entorno do Riacho Maceió é cercado por falta de limpeza e na Praia do Futuro, a reconstrução da Praça 31 de Março arrasta-se há anos sem data para terminar. Para curtir os encantos da Praia de Sabiaguaba, com rio, mangue, mar e dunas, é necessário transpor obstáculos de acesso e a insegurança.
Os problemas são recorrentes e, segundo especialistas, impedem o desenvolvimento sustentável da beira mar fortalezense. O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Borzacchiello, aponta que Fortaleza é uma cidade litorânea, porém, pouco marítima. Seus vínculos históricos mantêm relações de intensa intimidade com o sertão. O mar, para fins de lazer e recreação, começou a ser explorado há pouco tempo. "São 34 Km de extensão de orla sem nenhum acidente geográfico significativo, que impedisse um uso frequente e contínuo", diz. Entretanto, observa, não há continuidade e conexão na costa da cidade. Os trechos são esparsos com várias barreiras que durante muitos anos seccionaram a orla.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Guias de Turismo do Ceará, Flávio Alvarenga Júnior, a cidade não está preparada para receber a cada ano um número maior de visitantes do mundo todo. "A gente que atua diretamente com o turista ouve as reclamações e se depara com as decepções estampada nos rostos deles em cada problema constatado", afirma Alvarenga.
Muitos estudos multidisciplinares já foram realizados: arquitetos, geógrafos, engenheiros, economistas, sociólogos, entre outros, já deram suas contribuições que convergem para um pensamento único: a valorização desse espaço urbano, destaca o professor e coordenador o Curso de Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Otávio José Lemos Costa. Para ele, se existe uma polissemia na paisagem da orla, então o olhar para essa paisagem deve ser pensado na perspectiva dos sujeitos que a ocupam. "Que os microprojetos já pensados ou implantados sejam revistos na perspectiva de um estabelecimento de compreensão das formas aí existentes com seus problemas e as experiências individuais", diz.
Entidades de moradores defendem projetos alternativos para a orla. O presidente da Amigos da Beira-Mar, Tadashi Enomoto, informa que a associação, composta por 600 membros, luta por melhorias há anos. Entre as sugestões, a interdição das 5h até as 12h, do Náutico até a Rua Frei Mansueto. "A ideia é deixar o pessoal andar com bicicletas, patins. O poder público pode instalar equipamentos de lazer, além de banheiro químico e outros", sugere.
A presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, adianta que a entidade é favorável ao reordenamento da orla e diz que o setor investe para o conforto e segurança dos frequentadores.
Ponte dos Ingleses terá Memorial da Praia de Iracema

Uma boa notícia para a cidade. A Ponte dos Ingleses terá seus quiosques reabertos com novidades. Um deles será ocupado pelo Centro de Artesanato do Ceará (Ceart) e outro com o Memorial da Praia de Iracema. A reabertura deve acontecer entre o fim de abril e início de maio. A informação é da Secretaria de Turismo do Estado (Setur). Fotos, livros, documentos e multimídia farão parte do acervo.
O fechamento dos quiosques é alvo de críticas de quem gosta de passear pela área. Uma delas, a comerciante Francisca Batista, reclama da demora da reforma para que eles voltem a funcionar. "Antes, era possível encontrar artesanato, sorveteria e tinha até restaurante, o que era bom para quem mora por aqui pelo movimento de visitantes e pelos empregos indiretos que gerava. Espero que volte", diz.
A Ponte dos Ingleses tem sua história no início do século XX. Sua construção foi um projeto de Lucas Bicalho em 1921, que visava oferecer uma suficiente extensão do cais para o Porto de Fortaleza. Como a nacionalidade dos engenheiros responsáveis era inglesa, a ponte passou a se chamar Ponte dos Ingleses.
Demandas
A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) reafirma o compromisso de investir na Praia do Futuro e Beira-Mar, com a entrega prevista para março do novo Mercado de Peixes. Já a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS) esclarece que desenvolve ações integradas entre a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil no sentido de coibir a violência principalmente nas áreas da Barra do Ceará e Pirambu. A operação denominada Quinto Mandamento cumpre mandados de prisão e realiza vistorias em bares, restaurantes, casas de show e veículos.
Lêda gonçalves
Repórter

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