“Nem todo morador de rua é drogado”
Há cerca de um ano e meio, Antônio Márcio Bié, 32, era um dos cozinheiros mais disputados por restaurantes de culinária mexicana. Mas uma desilusão amorosa levou o homem que se orgulhava de suas misturas de temperos ao alcoolismo e depois às ruas de Fortaleza.
“Eu larguei mulher e três filhos por algo que julgava ser amor verdadeiro. Mas depois que consegui montar uma casa com tudo de bom dentro, fui surpreendido ao voltar do trabalho e encontrar um imóvel vazio. Até o dinheiro que eu havia juntado e também pedido emprestado, ela levou”, contou para o Blog o renomado cozinheiro, que atualmente mora debaixo de lajes entre o Centro e a Beira Mar.
Bié revelou que passou a beber todos os dias e a trabalhar alcoolizado. Sem condições de elaborar bons pratos, saiu da cozinha para a função de auxiliar de garçom. E depois amargou o desemprego e as ruas.
“Sei que um dia vou dar a volta por cima, principalmente se conseguir um tratamento contra o alcoolismo. Até lá, aceito o que a vida me submete para pagar pelos meus erros. Já fui roubado, maltratado e discriminado”, afirmou.
Para sobreviver, o especialista em comida mexicana aprendeu a fazer artesanato com latinhas de refrigerante. “Sempre me virei e sabia que podia produzir algo nas ruas. Às vezes, as pessoas perguntam se o dinheiro é para comprar drogas. Sou alcoólatra, nunca peguei droga. Já tenho problemas demais. Nem todo morador de rua é drogado. Tem muita gente com história mais interessante que a minha, você ficaria surpreso”, disse.
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