segunda-feira, 17 de agosto de 2015


Na internet, FH sugere que Dilma renuncie ou faça mea-culpa

Ex-presidente endurece discurso em mensagem e compara petista a Collor; petista Paulo Teixeira (SP) diz que falta grandeza a Fernando Henrique

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O ex-presidente da República Fernando Henrique - Jorge William / Agência O Globo

SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso endureceu nesta segunda-feira o tom da crítica contra o governo Dilma Rousseff e o PT. Em mensagem publicada em redes sociais, o ex-presidente disse que persiste o “sentimento popular de que o governo, embora legal, é ilegítimo” e que a base moral do governo teria sido “corroída pelas falcatruas do lulopetismo”.


“Se a própria presidente não for capaz do gesto de grandeza (renúncia ou a voz franca de que errou, e sabe apontar os caminhos da recuperação nacional), assistiremos à desarticulação crescente do governo e do Congresso, a golpes de lavajato”, escreveu o ex-presidente.
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Fernando Henrique menciona, no texto, o boneco do ex-presidente Lula vestido de presidiário, exibido nas manifestações em Brasília. Para ele, mesmo que Dilma “pessoalmente possa se salvaguardar”, seu governo “sofre contaminação dos malfeitos e seu patrono”, no caso, Lula, e “vai perdendo condições de governar”. O ex-presidente diz, ainda, que “os conchavos de cúpula só aumentam a reação popular negativa e não devolvem legitimidade ao governo, isto é, a aceitação de seu direito de mandar, de conduzir”, numa menção à articulação do governo com o presidente do Senado, Renan Calheiros, por uma agenda positiva no Congresso como resposta à crise política.
Para FH, a desarticulação do governo persistirá “até que algum líder com força moral diga (a Dilma), como o fez Ulysses Guimarães, com a Constituição na mão, ao Collor: ‘você pensa que é presidente, mas já não é mais’”.

FALTA GRANDEZA
Integrante da Executiva Nacional do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP) disse que "falta grandeza" ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
— Falta grandeza ao ex-presidente Fernando Henrique. Nos piores momentos de seu governo, quando teve a desvalorização cambial, o presidente Lula trabalhou para que o PT não pedisse seu impeachment.
CONDIÇÕES POLÍTICAS
Em discurso no plenário do Senado, Aloysio disse que o impeachment está na “cabeça de todos”, mas disse que as condições políticas para isso “ainda não estão reunidas” mas existem as “condições jurídicas” para um impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, as condições políticas ainda não existem porque o empresariado ainda considera alto o custo de um processo desses, e o PMDB ainda está ao lado da presidente.
Ele disse que o PSDB votaria a favor de impeachment e que hoje o futuro está nas mãos do PMDB, como partido do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já que é na Câmara que eventuais processos de impechament começariam.
— Nessas condições, politicamente, hoje, apesar do imenso movimento popular, as condições do impeachment ainda não estão reunidas. A chave, a solução desse problema está nas mãos do PMDB, partido majoritário, partido do vice-presidente da República, partido do Presidente da Câmara. E a sorte dela (Dilma) é que essa chamada burguesia, o grande empresariado, na voz de alguns dos seus representantes mais ilustres, exprime o temor de que os custos de um impeachment sejam mais graves, sejam mais pesados do que o custo da manutenção da Presidente Dilma. Mas o fato é que ninguém hoje consegue imaginar o que serão os próximos três anos e meio até 2018 — disse Alosyio.
O tucano também fez uma comparação entre a situação política de 1992, antes do processo de afastamento do ex-presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL), e a atual.
— De modo que juridicamente, na minha opinião, os fatos que estão tão bem amoldados à noção do crime de responsabilidade como aqueles que foram imputados, à época, ao Presidente Collor – que, diga-se de passagem, depois foi absolvido no Supremo Tribunal Federal. O problema são as circunstâncias políticas — disse Alosyio.
Apesar de afirmar que não há condições políticas para o impeachment, Aloysio disse que as pessoas foram às ruas para “dizer que querem o impeachment”:
— É uma expressão radical do rechaço ao governo Dilma Rousseff. esse balanço (do movimento de domingo) não deve ser medido apenas pelo número de pessoas que saíram às ruas nesse domingo. Há controvérsias sobre se foram 370 mil ou 500 mil. Isso é absolutamente irrelevante. O fato político maior é que os brasileiros se mobilizaram — disse Aloysio.
Ao ser perguntado sobre as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre uma renúncia de Dilma, Aloysio foi cauteloso.
— Não tenho como me colocar na pessoa da presidente. Essa é uma decisão pessoal dela, não pode ser um conselho. Ela não é uma pessoa muito afeita a conselhos, ainda mais um conselho desta nota — disse o tucano.
Um dia depois de participar das manifestações em Brasília, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse hoje que não importa o número de manifestantes no protesto de ontem e sim que a população está mobilizada. O discurso dos tucanos é para fugir da armadilha se as manifestações foram maiores ou menores das anteriores.

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