sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Amigos da Beira Mar na luta pela Nova Beira Mar...desde 2007...

Proposta quer aumentar praia na Av. Beira-Mar



Freqüentadores do local lutam para que a areia da dragagem do Porto do Mucuripe seja aproveitada na obra

Um grupo de pessoas que freqüenta a Avenida Beira-Mar está se mobilizando para tornar realidade uma idéia que pode melhorar o aproveitamento do local: aumentar a faixa de praia através da transferência de areia, como foi feito no aterro da Praia de Iracema. Uma obra que, segundo eles, não seria cara e poderia recuperar parte da orla marítima, que vem perdendo espaço por conta do avanço do mar nas últimas décadas e da ocupação de desordenada do local por barracas de praia e outros empreendimentos comerciais.

Em um ofício enviado no dia 16 de abril de 2007 à Secretaria Executiva Regional (SER) II, o coordenador da ONG Amigos da Beira-Mar, Tadashi Enomoto, pede uma série de medidas para melhorar a circulação de quem faz caminhada ali.

Uma delas é a ampliação da faixa de praia da Beira-Mar em 200 metros de largura, num trecho compreendido entre a Avenida Rui Barbosa e as imediações da Praça dos Estressados. Cita como exemplo a realização de intervenções do similares em cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Barcelona (Espanha) e Miami (EUA).

‘‘Todo mundo sabe da importância que o aterro da Praia de Iracema tem hoje para a realização de shows na cidade. O que nós queremos é uma área de praia maior, até para impedir que as ondas cheguem aos prédios’’, diz o coordenador da Amigos da Beira-Mar.

Para realizar esta obra, o ofício sugere a utilização da areia que será retirada nas obras de aprofundamento do canal de acesso do Porto do Mucuripe. A proposta é que, além de aumentar a área dos banhistas, também sejam feita obras de infra-estrutura no local, como aumento do calçadão, quadra de esporte e área de recreação. Mas, segundo Tadashi Enomoto, até hoje não houve resposta em relação ao ofício enviado à Secretaria Regional II.

‘‘Estamos reunindo especialistas, pessoas que também costumam caminhar no calçadão, para apoiar esse projeto e mostrar que dá para ser feito. Nossa orla marítima encontra-se estrangulada pela ocupação indevida. Enquanto isso, a areia toda vai ser desperdiçada, quando poderia ser utilizada para ampliar a praia e equipá-la. Seria um ganho não apenas para a população como também para os turistas que nos visitam e ganhariam mais espaços de diversão’’, argumenta.

Para o engenheiro civil Renato Parente, um dos apoiadores da proposta, transferir a areia da dragagem do Porto do Mucuripe para o engordamento da praia é viável, ‘‘desde que se faça uma cobertura do aterro com areia mais grossa, já que a areia que será retirada do porto tem menor granulação e poderia provocar a formação de dunas com a ação do vento e inviabilizar o uso da área pelos banhistas’’. Ele garante, no entanto, que estes cuidados tornam a obra viável e benéfica.

Segundo o engenheiro, o processo se daria da seguinte forma: os navios que farão a dragagem do Porto do Mucuripe se deslocariam, carregados de água e areia, para o ponto onde será feito o aumento da faixa de praia. As dragas serão conectadas a uma tubulação que jogará a areia e formará essa ampliação.

Como a idéia é aproveitar a areia que já será retirada por conta do aprofundamento do acesso ao porto, Renato Parente assegura que o custo da obra não seria alto.

‘‘Em princípio, a areia retirada da dragagem será jogada em alto mar. Quem ganhar a licitação para realizar essa obra só poderá descarregar a areia depois do canal de acesso da Indústria Naval do Ceará (Inace), para que não a areia não impeça o acesso dos navios. Mas se, com essa areia, for feito o engordamento da Beira-Mar, a distância que os navios vão percorrer será menor. Acredito que fazer o transporte da areia dragada para esse projeto diminuiria em três vezes os custos. Acabaria se tornando um benefício para todos’’, defende.

Divergência
Para Jeovah Meireles, professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), apesar do engordamento ser possível para regeneração da faixa de praia, a transferência de areia envolve uma série de condições. No caso da areia que será retirada do Porto do Mucuripe, ele acredita que o material não seja o mais indicado para esse tipo de intervenção por conta da presença de detritos, metais pesados e óleo que saem dos navios, que acabam modificando a qualidade da areia.

‘‘Para se fazer uma transferência desse porte, é preciso saber se a granulação da areia é compatível com o regime de marés da área. Se for colocada, por exemplo, uma areia muito ‘leve’, esses sedimentos podem alterar a dinâmica das ondas e provocar erosão progressiva em outra área’’, explica.

Na opinião de Meireles, o maior problema naquela área é a ocupação da faixa de praia já existente por empreendimentos privados, o que impede o acesso livre de quem mora ou visita a Capital cearense.

‘‘O engordamento, em si, tem um custo muito elevado. Além disso, requer uma manutenção constante para evitar que ocorra algum impacto ambiental. No Rio de Janeiro houve o engordamento de algumas áreas de praia, mas ao mesmo tempo não tem o nível de ocupação daqui’’.

Desde segunda-feira, a reportagem vem entrando em contato com a assessoria de comunicação da SER II para saber se tem conhecimento do ofício e sobre a viabilidade de uma obra desse porte. Até o fechamento da edição, não houve qualquer retorno.
Karoline VianaEspecial para Cidade

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