segunda-feira, 17 de junho de 2013

Na base aérea

Seleção é recebida com festa, mas frustra torcida

Delírio tomou conta dos torcedores ao ver o ônibus brasileiro, mas fãs não ganharam nem um aceno em troca

Com muita festa e histeria, a Seleção Brasileira desembarcou, na tarde de ontem, em Fortaleza. Mais de 200 torcedores foram até a Base Aérea da Capital para receber os comandados de Luiz Felipe Scolari.

A Seleção desembarcou no aeroporto da Base Aérea, de onde saiu em meio aos gritos dos torcedores. Até o hotel, o veículo foi escoltado por batedores da Polícia Rodoviária Federal FOTOS: KLÉBER ALVES GONÇALVES / LUCAS DE MENEZES / KID JÚNIOR

Mas, quando o ônibus da Seleção saiu do local, pouco antes das 17h30, a euforia deu lugar a uma ponta de decepção. Os vidros 100% fumê do coletivo impediam a visão de ´neymarzetes´, ´luketes´ e outras fãs que esperavam um aceno ou, pelo menos, um sorriso de seus ídolos, deixando-as desapontadas.

Homens do Exército tiveram de fazer um cordão de isolamento para conter as fãs mais atiradas na saída da base.

Persistência
Mesmo decepcionadas, a maioria promete seguir os jogadores pelos próximos dias, a fim de conseguirem chegar perto de craques como Neymar e Lucas.

É o caso de um grupo de oito meninas, que levou até presentes para entregar à dupla. As neymarzetes preparam uma cesta com urso de pelúcia, duas cartas de amor e chocolates para o atacante do Barcelona. "Não estou nem estudando para a minha prova de amanhã (hoje). Vou ao Marina, ao PV e ao Castelão para ver o Neymar", disse a estudante Raíssa Nicolina, 18.

Já as luketes separaram chocolates, coração de pelúcia e carta gigante para o meia do PSG. "O Lucas é lindo. Acho que vou até faltar o trabalho para continuar tentando vê-lo", falou a atendente Marjorie Melo, 18.

Um grupo de cinco meninas rodou em busca da Seleção desde às 8h da manhã. Depois de passar pelo Aeroporto Pinto Martins e pelo antigo aeroporto, elas chegaram à base aérea às 13h.

"Estou sem me alimentar e beber água desde hoje (ontem) de manhã. Tenho certeza que o Neymar vai falar com a gente, pois ele é muito humilde", queria a estudante Vitória Régia, 12. E se ontem não deu, a garota promete seguir tentando hoje.

Histeria e decepção da torcida no Pinto Martins

A torcida cearense que se aglomerou desde as primeiras horas da tarde de ontem no saguão do Aeroporto Internacional Pinto Martins, na esperança de ver a Seleção Brasileira de perto, foi da euforia à decepção.

A torcida cearense lotou, em vão, o saguão do Aeroporto Pinto Martins na esperança de que a Seleção Brasileira desembarcasse lá FOTO: JOSÉ LEOMAR

Centenas de torcedores, na sua maioria crianças e adolescentes - muitos vestidos com a camisa do Brasil e alguns portando bandeiras -, fizeram muito barulho, mudando a rotina no local. À medida que o horário das 17h30 se aproximava - momento que estava prevista o desembarque da Seleção Brasileira -, os gritos da torcida aumentavam, e a expectativa de ver astros como Neymar, Lucas e tantos outros, já beirava a histeria.

Foi quando o sistema de som do Aeroporto informou, às 16h40, que a Seleção Brasileira não desembarcaria no saguão, o suficiente para que os semblantes ficassem decepcionados. "Cheguei umas 11h30 e até agora espero pela Seleção. Queria pelo menos tirar uma foto com os jogadores. Como não tenho possibilidade de ver os jogos, queria vê-los. Acho que eles ainda vão aparecer aqui", declarou o ainda esperançoso Lucas Lima, de 14 anos de idade.

Por volta de 17h10, a torcida que estava aglomerada no saguão, correu em direção ao nível superior do Aeroporto, para avistar o avião da Seleção ainda no céu, causando um certo tumulto. Porém, quando o sistema de som reforçou que a delegação não desembarcaria por ali, a frustração foi geral. "Eles não virão aqui? Não acredito!", era a reação mais frequente.

Sem chance de ver seus ídolos, a torcida aos poucos foi se dispersando, frustrada. "Todos aqui estávamos na expectativa de ver a Seleção e eles não apareceram. Iremos embora tristes", declarou a torcedora Adriele de Araújo, de 17 anos.



"Não conseguimos nem um oizinho"

A Seleção Brasileira chegou ao Hotel Marina Park, na Praia de Iracema, no fim da tarde de ontem. Diferente da chegada em Brasília, uma multidão esperava a delegação na entrada principal do prédio, mas, como esperado, um esquema de segurança impediu qualquer contato da equipe com os torcedores cearenses.

Ao descer pela parte de trás do hotel, a Seleção frustrou as dezenas de fãs que os esperavam. Alguns, inclusive, chegaram a pular as grades e invadir o saguão do hotel na esperança de algum contato com ídolos como Neymar, Fred e Lucas.

Seguranças, Guarda Municipal e Polícia Militar cuidaram para que ninguém avistasse o ônibus da delegação. "O sentimento é de indignação, na verdade. Está totalmente proibida a nossa entrada. Não conseguimos nem um oizinho", lamentou a estudante de gastronomia Juscylena Magalhães, 22.

"Essa era minha única oportunidade de vê-los antes do jogo. Tenho que trabalhar na semana. Me planejei para vir hoje (ontem) e acabou sendo frustrante", reclamou Odival Lima, 25, estudante de administração.

Eu já sabia
Com a Seleção blindada, tendo mantido pouco ou nenhum contato com o público por onde passou, de certa forma, algumas pessoas já esperavam pelas restrições. "Já imaginava que isso acontecesse. Apesar disso, a gente fica na expectativa. Saímos mais cedo no trabalho para tentar a sorte por aqui", comentou o comerciante Calebe de Castro.

Taiti e Nigéria fazem embate de coadjuvantes

Última seleção se classificar para a Copa das Confederações e a chegar ao Brasil, a Nigéria pode largar com grande vantagem na primeira rodada por estrear contra o Taiti, que tem apenas um jogador profissional no elenco e não almeja nada além da experiência de enfrentar grandes equipes. Em uma chave com Espanha e Uruguai, a ideia dos campeões africanos, apelidados de Super Águias, é decolar com bom saldo de gols.

O duelo com o modesto representante da Oceania será às 16 horas de hoje, no reformado Mineirão. Depois de dois anos e sete meses fechado para obras, o estádio belo-horizontino foi reinaugurado em dezembro.

Os nigerianos chegaram em cima da hora à cidade. A delegação deveria ter viajado na quinta, mas os atletas fizeram boicote em razão da redução da premiação pelo empate diante da Namíbia, um dia antes, pelas Eliminatórias para a Copa de 2014. O combinado teria sido reduzido pela metade e os atletas se recusaram a deixar o hotel em que estavam hospedados. No fim, foram convencidos e deixaram a África no sábado.

Stephen Keshi tem um elenco equilibrado. Embora tenha deixado de convocar Joseph Yobo (capitão na conquista da Copa Africana), o treinador conta com nomes como John Obi Mikel, meia do Chelsea, e Ahmed Musa, atacante do CSKA, da Rússia.

Feitos de aço

Os Guerreiros de Aço, como são conhecidos os taitianos, chegaram bem antes ao Brasil para disputar a competição pela primeira vez na história. Campeão da Oceania, o time da Polinésia Francesa deu continuidade à preparação em Belo Horizonte, mas o técnico e herói nacional Eddy Etaeta não espera mais do que três derrotas no forte grupo B.

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